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segunda-feira, 2 de junho de 2008

Memorial Do Convento

José Saramago, filho e neto de camponeses, nasceu na aldeia de Azinhaga na província do Ribatejo, no dia 16 de Novembro de 1922, apesar de constar no registro oficial o dia 18. Mas esse não foi o único facto curioso dos primeiros anos de Saramago. Quando foi registrá-lo, seu pai pretendia que seu filho se chamasse apenas José da Silva, mas como seu apelido na aldeia era Saramago, a pessoa encarregada de registra-lo deu ao filho o apelido do pai. Por isso, José da Silva veio a chamar-se Saramago. A “brincadeira” foi descoberta quando a matrícula de José Saramago da Silva foi rejeitada porque este não tinha o mesmo nome do pai. O pai de Saramago teve, então, de mudar de nome (acrescentando Saramago) para que seu filho pudesse estudar. Aos dois anos Saramago acompanhou a família à Lisboa, mas nunca distanciou-se definitivamente da aldeia de Azinhaga. Aos doze anos, por problemas económicos, Saramago teve que transferir-se para uma escola técnica. Se aos onze anos Saramago ganhou seu primeiro livro de sua mão “O Mistério do Moinho”, aos 18 era um frequentador assíduo, nocturno, da Biblioteca do Palácio das Galveias, onde, sem nenhuma instrução, lê tudo que pode. Até os 25 anos quando publicou Terra do Pecado seu primeiro romance, Saramago trabalhou como serralheiro, desenhador, funcionário da saúde e da previdência social. Terra do Pecado tinha por nome oficial, dado por Saramago, A Viúva, mas como editor o achou pouco comercial, decidiu muda-lo. Ainda em 1949, Saramago escreveu Clarabóia, que foi recusado pela editora (esse romance ainda permanece inédito até hoje). Saramago só passa a se dedicar exclusivamente à literatura em 59, quando assume o lugar de Nataniel Costa como editor literário na Editorial Estúdio Cor. Daí até seu segundo livro publicado, Os Poemas Possíveis, são sete anos. Esse tempo todo de silêncio literário (de 1947 até 1966) Saramago atribui a não ter o que dizer. Seu próximo livro, Provavelmente Alegria, sai em 1970, dois anos antes de ingressar no jornalismo. E dessa passagem pelos jornais A Capital e Jornal de Fundão que nasce A Bagagem do Viajante, em 1973. A mudança de Saramago começa a acontecer em 1975, quando é nomeado director-adjunto do Diário de Notícias. Neste mesmo ano é demitido do diário e toma a decisão que mudaria o curso de sua escrita, decidiu somente escrever. Nesse tempo, sua única fonte de renda fixa eram as traduções. No final do ano publica “O Ano de 1993”, até hoje seu último livro de poesias. A partir dos 55 anos a produção literária de Saramago cresce assustadoramente, se comparada com o que ele escreveu até então ver bibliografia. Mas é em 1980 que Saramago dá a maior guinada da sua vida literária, com a publicação de “Levantado do Chão”. Muitos críticos dizem que esse livro é o início do estilo saramaguiano (escrita barroca, longos parágrafos e uma forma diferente de construir os diálogos: Saramago elimina os travessões, que ele diz não haverem num diálogo comum, o que dá uma maior dinâmica ao texto. Em 1991, Saramago lançou aquela que seria a sua mais polémica obra: “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”. Em 1992, o Evangelho foi indicado para concorrer ao Prémio Literário Europeu, mas o governos português, mais precisamente Sousa Lara, vetou a sua candidatura, dizendo que essa obra “não representa Portugal” e que desunia o povo português muito mais do que o unia. Magoado com a censura da sua obra, Saramago resolveu deixar Portugal e se mudar para Lanzarote nas ilhas Canárias, em 1993. Todo o processo criativo de Saramago foi mundialmente reconhecido quando da entrega do Prémio Nobel de Literatura, ganho por ele em 1998.
Catarina Carreiro

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