Estrutura da obra
Narração Histórica:
Construção do Convento de Mafra( promessa de D. João V)
- sofrimento do povo;
- os autos-de-fé;
- casamento de D. Maria Bárbara com D. Fernando.
Reinvenção da História pela Ficção:
Acção Central( edificação do convento)
- primeira linha: a família real e a promessa do rei;
- segunda linha: construção do convento graças ao sacrifício dos homens;
- terceira linha: história de amor entre Baltasar e Blimunda;
- quarta linha: sonho e desejo de construir uma máquina voadora.
Narrativa ficcional:
Construção da passarola.
Classificação do Romance
Romance Social e de Intervenção:
- destaque da gente oprimida e humilde daquela época;
- reenvio do leitor para repressão existente no século XX.
Romance de Espaço:
- apresentação de um conjunto de quadros e cenários históricos ( Lisboa, Mafra, Terreiro do Paço, S. Sebastião da Pedreira, Odivelas.
Romance Histórico:
- minuciosa descrição da sociedade portuguesa do século XVIII: sumptuosidade da corte; exploração dos operários; autos-de-fé; e Guerra da Sucessão.
Metaficção Historiográfica:
- registo dos factos narrados pela História ou pela ficção de personagens integradas nela;
- abstracção do tempo e do espaço, sendo os heróis os modelos representantes da massa popular.
Personagens
Personagens Históricas:
- D. João V: devasso, infantil,megalómano.
- Padre Bartolomeu Lourenço: sonhador.
Pesonagens Ficcionais:
- Blimunda: mulher mística; capaz de ver por dentro das coisas.
- Baltasar: maneta; unido magicamente com Blimunda; sonhador.
- Povo: explorado pelas classes dominantes.
Simbologia
- Sete Sóis e Sete Luas: união perfeita complementada pelo número sete e as três sílabas do seus nomes;
- a perda da mão de Baltasar: perda do passado, ganhando Baltasar uma dimensão espiritual pela perseverança e luta;
- a força do olhar de Blimunda: elemento mágico, essencial à recolha das vontades dos homens;
- proliferação do número sete: símbolo da perfeição, união, magia.
Processo Narrativo
- narrador heterodiegético e omnisciente;
- comentários;
- divagações;
- ironia;
- empréstimos do seu estatuto de narrador;
Tempo:
- aproximação da época retratada e distanciamento dela com recurso a prolepse, a elepse, a anacronias e à desfasagem entre o tempo da história e o tempo do discurso ( visitas guiadas ao Convento ).
Espaço:
- muitas referências aos espaços físicos de Lisboa e Mafra;
- apresentação nesses espaços de grandes multidões de modo a apresentar as desigualdades sociais ( a maioria é pobre e a minoria é rica ).
Visão Crítica:
- releitura da história devido à ironia e ao distanciamento histórico em relação ao poder de D. João V e à Inquisição;
- uso da construção do convento para mostrar a importância da vontade e do sonho dos homens essenciais à criação da liberdade e da evasão;
- crítica feroz às classes sociais elevadas e simpatia pelas classes desfavorecidas.
Estilo e Linguagem de Saramago
- ruptura com a norma linguística, nomeadamente a nível da pontuação, do discurso directo e do uso de maiúsculas no interior do discurso;
- dificuldades na distinção das vozes presentes e dos comentários do narrador;
- frase contínua;
- discurso directo livre, não existindo fronteiras entre o diálogo, a narração e a descrição;
- importância da vírgula que se sobrepõe a todos os outros sinais de pontuação;
- ausência de pontos de interrogação e exclamação;
- tom coloquial;
- estilo espontâneo e dialogal.
Catarina Carreiro
0 comentários:
Enviar um comentário