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quinta-feira, 19 de junho de 2008

Ser professor... no Nordeste e não só!



Raia mais uma manhã na Vila do Nordeste. Avizinha-se mais um dia estrénuo de aulas. Não seria nada do outro mundo se o processo de ensino/aprendizagem se limitasse a isso mesmo... Todavia, quem trabalha no ensino sabe muito bem que não é assim. Na verdade, a planificação das respectivas aulas – que é feita na noite anterior, muitas vezes pela noite fora – enfrenta diversas dificuldades na sua concretização: falta de material diverso; salas com poucas condições; biblioteca mal apetrechada; parcos meios informáticos disponíveis; recursos humanos exíguos; isolamento evidente da localidade; contexto sócio-cultural complicado entre outras coisas…
Apesar de tudo isso, todos os do­centes e funcionários deste estabele­cimento de ensino dão o seu melhor em prol dos principais interessados: os alunos do concelho do Nordeste. Quantas vezes, já altas horas da noite, cabeceando com sono, se continua a corrigir trabalhos e testes e a preparar material pedagógico - didáctico de modo a enriquecer a componente lec­tiva? Quantas vezes se adquire material diverso com o próprio dinheiro para, por exemplo, imprimir os documentos adequados porque a escola não possui tinteiros? Quantas vezes se abdica do tempo livre porque determinado aluno precisa de apoio necessário à sua aprendizagem? Quantas vezes a família não é relegada para segundo plano para que se possa levar a cabo um trabalho adequado junto dos alunos? Quantas vezes a distância mão é venci­da pelos docentes desta casa para que os nossos alunos possam desenvolver as suas competências? E valerá a pena todo esse trabalho? Alguém agradece? De facto, num momento em que os pais, devido aos seus compromissos profissionais, e a sociedade em geral necessitam tanto dos professores para que os seus filhos possam permanecer na escola ao longo do dia, é curioso ve­rificar a forma ultrajante como alguns pais e filhos e a própria tutela tratam seres humanos qualificados dispostos a tudo pelos mais jovens, alguns des­tes cada vez mais esquecidos por uma família cada vez mais alheia aos seus deveres educativos.
Assim sendo, por que razão não se limitará o professor a arrumar a sua mala pejada de livros e papéis num canto do seu quarto e a improvisar no dia seguinte? Por que motivo insiste em planificar descritivamente todas as suas aulas, se não apreciam o seu trabalho? Se não o apoiam? Se não o respeitam? Se depreciam de todas as maneiras e feitios o seu labor diário? Se o pretendem avaliar da forma mais indigna, injusta e humilhante e quando essa avaliação, nos moldes definidos, não resultará em nada? Na verdade, apesar desta falta de respeito pelos pro­fissionais que trabalham com aqueles que serão as mais-valias num futuro próximo, tudo é feito pelos alunos.
É de realçar, também, que os discentes dos nossos dias são muito mais exigentes do que nós o éramos quando estudantes. Realmente, quan­do passámos pelos bancos da escola, não nos atrevíamos a criticar sequer, mesmo que alguma coisa não estivesse tão bem, com medo de represálias. Actualmente já nada é assim! Antiga­mente, como sabemos, os professores exigiam que os alunos trabalhassem afincadamente, sofrendo estes, não raras vezes, agressões físicas e psico­lógicas. E ainda assim os relembramos com amor e carinho e os saudamos quando passam na rua. Até nos rimos das nossas diabruras e dos castigos que nos eram infligidos pelos docentes da época! Hoje em dia são os próprios alunos que exigem ao professor que se entregue de corpo e alma às respectivas turmas, sendo castigado psicologica­mente e, por vezes, até fisicamente, pretendendo-se que o docente (hoje mero funcionário) seja avaliado, por exemplo, pelas classificações obtidas pelos alunos! Nesta linha, não nos podemos esquecer que, mais grave do que reter um aluno porque não desen­volveu as competências em momento oportuno, é ratificar inadequadamente a sua avaliação, possibilitando a sua transição para o ano lectivo seguinte sem ter desenvolvido as respectivas competências disciplinares.
Ainda assim, desprezados pela tutela e por uma boa parte dos encarre­gados de educação, com pouquíssimas condições que permitam a execução de um trabalho didáctico de acordo com as exigências da sociedade actual, todos os docentes que trabalham nesta terra sopram a plenos pulmões as velas das competências dos alunos para que estes possam alcançar horizontes longínquos no mar da nossa sociedade cada vez mais revolto!
Concluindo, esperemos, fervorosa­mente, que amanhã o sol raie rutilante e esplendoroso não só no Nordeste, mas em todo o país!

Adelino Martins
Professor




in Correio dos Açores, 19 de Junho de 2008.

sábado, 7 de junho de 2008

Dicionário da Língua Portuguesa 2009 - Acordo Ortográfico

O mais actualizado dicionários de língua portuguesa do momento, e encontra-se disponível, gratuitamente, em http://www.infopedia.pt/...

Esta colecção de 265 mil definições, expressões fixas, idiomatismos e provérbios contempla as alterações impostas pelo Acordo Ortográfico. Assim sendo, as palavras transformadas pelo acordo têm uma indicação de aAO, para a grafia anterior ao Acordo Ortográfico, e de dAO, para a posterior ao Acordo Ortográfico.

A título de exemplo, a palavra "facto", que passa a ter grafia dupla com o acordo, encontra correspondência em "facto" (AO) e em "fato2" (dAO).

O dicionário é fácil de utilizar e será, porventura, bastante útil, no caso de, efectivamente, o Acordo Ortográfico entrar em vigor, apesar de toda a polémica gerada em torno da questão.

Ângela

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Momerial Do Convento

Estrutura da obra

Narração Histórica:
Construção do Convento de Mafra( promessa de D. João V)
  • sofrimento do povo;
  • os autos-de-fé;
  • casamento de D. Maria Bárbara com D. Fernando.

Reinvenção da História pela Ficção:

Acção Central( edificação do convento)

  • primeira linha: a família real e a promessa do rei;
  • segunda linha: construção do convento graças ao sacrifício dos homens;
  • terceira linha: história de amor entre Baltasar e Blimunda;
  • quarta linha: sonho e desejo de construir uma máquina voadora.

Narrativa ficcional:

Construção da passarola.

Classificação do Romance

Romance Social e de Intervenção:

  • destaque da gente oprimida e humilde daquela época;
  • reenvio do leitor para repressão existente no século XX.

Romance de Espaço:

  • apresentação de um conjunto de quadros e cenários históricos ( Lisboa, Mafra, Terreiro do Paço, S. Sebastião da Pedreira, Odivelas.

Romance Histórico:

  • minuciosa descrição da sociedade portuguesa do século XVIII: sumptuosidade da corte; exploração dos operários; autos-de-fé; e Guerra da Sucessão.

Metaficção Historiográfica:

  • registo dos factos narrados pela História ou pela ficção de personagens integradas nela;
  • abstracção do tempo e do espaço, sendo os heróis os modelos representantes da massa popular.

Personagens

Personagens Históricas:

  • D. João V: devasso, infantil,megalómano.
  • Padre Bartolomeu Lourenço: sonhador.

Pesonagens Ficcionais:

  • Blimunda: mulher mística; capaz de ver por dentro das coisas.
  • Baltasar: maneta; unido magicamente com Blimunda; sonhador.
  • Povo: explorado pelas classes dominantes.

Simbologia

  • Sete Sóis e Sete Luas: união perfeita complementada pelo número sete e as três sílabas do seus nomes;
  • a perda da mão de Baltasar: perda do passado, ganhando Baltasar uma dimensão espiritual pela perseverança e luta;
  • a força do olhar de Blimunda: elemento mágico, essencial à recolha das vontades dos homens;
  • proliferação do número sete: símbolo da perfeição, união, magia.

Processo Narrativo

  • narrador heterodiegético e omnisciente;
  • comentários;
  • divagações;
  • ironia;
  • empréstimos do seu estatuto de narrador;

Tempo:

  • aproximação da época retratada e distanciamento dela com recurso a prolepse, a elepse, a anacronias e à desfasagem entre o tempo da história e o tempo do discurso ( visitas guiadas ao Convento ).

Espaço:

  • muitas referências aos espaços físicos de Lisboa e Mafra;
  • apresentação nesses espaços de grandes multidões de modo a apresentar as desigualdades sociais ( a maioria é pobre e a minoria é rica ).

Visão Crítica:

  • releitura da história devido à ironia e ao distanciamento histórico em relação ao poder de D. João V e à Inquisição;
  • uso da construção do convento para mostrar a importância da vontade e do sonho dos homens essenciais à criação da liberdade e da evasão;
  • crítica feroz às classes sociais elevadas e simpatia pelas classes desfavorecidas.

Estilo e Linguagem de Saramago

  • ruptura com a norma linguística, nomeadamente a nível da pontuação, do discurso directo e do uso de maiúsculas no interior do discurso;
  • dificuldades na distinção das vozes presentes e dos comentários do narrador;
  • frase contínua;
  • discurso directo livre, não existindo fronteiras entre o diálogo, a narração e a descrição;
  • importância da vírgula que se sobrepõe a todos os outros sinais de pontuação;
  • ausência de pontos de interrogação e exclamação;
  • tom coloquial;
  • estilo espontâneo e dialogal.

Catarina Carreiro

Memorial Do Convento

José Saramago, filho e neto de camponeses, nasceu na aldeia de Azinhaga na província do Ribatejo, no dia 16 de Novembro de 1922, apesar de constar no registro oficial o dia 18. Mas esse não foi o único facto curioso dos primeiros anos de Saramago. Quando foi registrá-lo, seu pai pretendia que seu filho se chamasse apenas José da Silva, mas como seu apelido na aldeia era Saramago, a pessoa encarregada de registra-lo deu ao filho o apelido do pai. Por isso, José da Silva veio a chamar-se Saramago. A “brincadeira” foi descoberta quando a matrícula de José Saramago da Silva foi rejeitada porque este não tinha o mesmo nome do pai. O pai de Saramago teve, então, de mudar de nome (acrescentando Saramago) para que seu filho pudesse estudar. Aos dois anos Saramago acompanhou a família à Lisboa, mas nunca distanciou-se definitivamente da aldeia de Azinhaga. Aos doze anos, por problemas económicos, Saramago teve que transferir-se para uma escola técnica. Se aos onze anos Saramago ganhou seu primeiro livro de sua mão “O Mistério do Moinho”, aos 18 era um frequentador assíduo, nocturno, da Biblioteca do Palácio das Galveias, onde, sem nenhuma instrução, lê tudo que pode. Até os 25 anos quando publicou Terra do Pecado seu primeiro romance, Saramago trabalhou como serralheiro, desenhador, funcionário da saúde e da previdência social. Terra do Pecado tinha por nome oficial, dado por Saramago, A Viúva, mas como editor o achou pouco comercial, decidiu muda-lo. Ainda em 1949, Saramago escreveu Clarabóia, que foi recusado pela editora (esse romance ainda permanece inédito até hoje). Saramago só passa a se dedicar exclusivamente à literatura em 59, quando assume o lugar de Nataniel Costa como editor literário na Editorial Estúdio Cor. Daí até seu segundo livro publicado, Os Poemas Possíveis, são sete anos. Esse tempo todo de silêncio literário (de 1947 até 1966) Saramago atribui a não ter o que dizer. Seu próximo livro, Provavelmente Alegria, sai em 1970, dois anos antes de ingressar no jornalismo. E dessa passagem pelos jornais A Capital e Jornal de Fundão que nasce A Bagagem do Viajante, em 1973. A mudança de Saramago começa a acontecer em 1975, quando é nomeado director-adjunto do Diário de Notícias. Neste mesmo ano é demitido do diário e toma a decisão que mudaria o curso de sua escrita, decidiu somente escrever. Nesse tempo, sua única fonte de renda fixa eram as traduções. No final do ano publica “O Ano de 1993”, até hoje seu último livro de poesias. A partir dos 55 anos a produção literária de Saramago cresce assustadoramente, se comparada com o que ele escreveu até então ver bibliografia. Mas é em 1980 que Saramago dá a maior guinada da sua vida literária, com a publicação de “Levantado do Chão”. Muitos críticos dizem que esse livro é o início do estilo saramaguiano (escrita barroca, longos parágrafos e uma forma diferente de construir os diálogos: Saramago elimina os travessões, que ele diz não haverem num diálogo comum, o que dá uma maior dinâmica ao texto. Em 1991, Saramago lançou aquela que seria a sua mais polémica obra: “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”. Em 1992, o Evangelho foi indicado para concorrer ao Prémio Literário Europeu, mas o governos português, mais precisamente Sousa Lara, vetou a sua candidatura, dizendo que essa obra “não representa Portugal” e que desunia o povo português muito mais do que o unia. Magoado com a censura da sua obra, Saramago resolveu deixar Portugal e se mudar para Lanzarote nas ilhas Canárias, em 1993. Todo o processo criativo de Saramago foi mundialmente reconhecido quando da entrega do Prémio Nobel de Literatura, ganho por ele em 1998.
Catarina Carreiro

sábado, 31 de maio de 2008

"A rima é uma doença do ritmo"

Esta é mais uma daquelas frases a que Fernando Pessoa já nos habituou. Na realidade, pertence a um dos muitos textos ainda inéditos do mesmo autor. Ainda? Sim, pelo menos 200 destes deixarão de o ser a partir do dia 13 de Junho próximo.

De facto, neste momento encontra-se uma equipa debruçada sobre cerca de 1200 títulos (livros, revistas, jornais...) possuídos pela Casa Fernando Pessoa e pela família do poeta. Na liderança do projecto encontram-se dois vultos do Centro de Linguística Portuguesa da Universidade de Lisboa.

A função nobre destes indivíduos - que trabalham sem quaisquer proveitos monetários - consiste em ler e digitalizar o mais pacientemente possível as folhas envelhecidas destas páginas, muitas vezes grafadas à pressa. O tempo passou nelas como uma borracha, dificultando a tarefa.

Ainda que a tarefa seja morosa, os entre 7 e 14 elementos da equipa de decifração esperam ver recompensado todo este esforço quando, passados precisamente 120 anos desde o nascimento do autor de Mensagem, puderem partilhar com os apreciadores de Pessoa, através do site da Casa Fernando Pessoa, as composições que lhes têm dado tanto prazer de interpretar nos últimos 2 meses...

Fonte: DN Online, " 200 títulos da biblioteca de Pessoa 'online' no dia 13" por Isabel Lucas a 30-05-08


Ângela

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Felizmente há luar! - Distanciação histórica



Felizmente Há Luar! é um drama narrativo, de carácter social, dentro dos princípios do teatro épico. Na linha do teatro de Brecht, exprime a revolta contra o poder e a convicção de que é necessário mostrar o mundo e o homem em constante devir. Defende as capacidades do homem que tem o direito e o dever de transformar o mundo em que vive. Por isso, oferece-nos uma análise crítica da sociedade, procurando mostrar a realidade em vez de a representar, para levar o espectador a reagir criticamente e a tomar posição.
O teatro é encarado como uma forma de análise das transformações sociais que ocorrem ao longo dos tempos e, simultaneamente, como um elemento de construção da sociedade. A ruptura com a concepção tradicional da essência do teatro é evidente: o drama já não se destina a criar o terror e a piedade, isto é, já não é a função catártica, purificadora, realizada através das emoções, que está em causa, pela identificação do espectador com o herói da peça, mas a capacidade crítica e analítica de quem observa. Brecht pretendia substituir “sentir” por “pensar”.
Observando Felizmente Há Luar! verificamos que são estes também os objectivos de Sttau Monteiro, que evoca situações e personagens do passado (movimento liberal oitocentista em Portugal), usando-as como pretexto para falar do presente (ditadura nos anos 60 do século XX) e assim pôr em evidência a luta do ser humano contra a tirania, a opressão, a traição, a injustiça e todas as formas de perseguição.




João Fagundo

sábado, 10 de maio de 2008

"Manifesto em defesa da Língua Portuguesa"

A respeito do Acordo Ortográfico, que tanta controvérsia tem trazido desde que foi apresentado à comunidade, eis que surge uma iniciativa online que pode interessar a alguns dos nossos leitores.

Trata-se de uma petição contra o acordo, que circula na Internet desde o dia 8 do corrente mês, e já conta com mais de 20 mil assinaturas. Entre os signatários, encontram-se cerca de 19 vultos portugueses da cultura, política e economia, que qualificam a reforma da língua com "mal concebida", "desconchavada" e "desnecessária". As fundamentações do grupo fazem parte da introdução do documento, e estas sim, julgo eu, serão dignas da análise de qualquer parte na discussão.

Portanto, o manifesto deve ser assinado por todos aqueles que: concordam que o ato nunca mais será o mesmo sem o "t"; têm a certeza que o micro-ondas não vai funcionar com o "-" no meio; acreditam piamente que a joia vai desvalorizar quando lhe arrancarem o "´"; e têm medo de encontrar um ipopótamo por aí, sem terem um "h" por perto...

O próximo encontro político sobre o Acordo Ortográfico desenrolar-se-á no dia 15 de Maio, e consistirá num debate que pode ser determinante na ratificação (ou não) do Acordo pelo Estado Português. Se pretende constar da lista de nomes do manifesto em questão, clique no botão abaixo.



Ângela Silva

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Os Lusíadas ( o Herói)










O Herói: de acordo com Os Lusíadas, o Herói será aquele que consegue, de forma ousada e corajosa, grandes feitos em prol da Pátria, indo além da sua medida humana.
  • os heróis são símbolos de atitude;
  • São figuras incorpóreas, que ilustram o ideal de ser português;
  • Normalmente os heróis agem pelo instinto, sem terem a visão do sentido e alcance dos seus actos na marcha dos tempos .

Catarina Carreiro

Estrutura Interna d`Os Lusíadas





Proposição:



  • explicita o que o poeta vai cantar;


  • o povo português é o povo colectivo do poema.

Invocação:



  • às musas do Tejo( Tágides);


  • pede inspiração para cantar os feitos portugueses.

Dedicatória:



  • dirigida a D. Sebastião.

Narração:




  • in media res ( significa a acção já vai a meio);


  • a viagem de Vasco da Gama.

Catarina Carreiro

Os Lusíadas



A epopeia Os Lusíadas celebra a acção grandiosa e heróica dos portugueses que dera ínicio ao grande Império que se estendeu pelos diversos continentes. Ao relatar a viagem à Índia, entrecortando-a com episódios do passado e profecias do futuro, mostra a história do povo que teve a ousadia da aventura marítima, " dando novos mundos ao mundo"
Catarina Carreiro

domingo, 20 de abril de 2008

Sabias que...

Segundo a National Geographic, extingue-se em média uma língua por semana! O facto é que, incrivelmente, mais de 500 linguagens são faladas por menos de 10 indivíduos!

A extinção de uma língua pode-se dever a um desastre natural ou simplesmente à sua substituição ou abandono a favor de uma língua mais vulgar. Infelizmente, ao que prevê a organização citada, no final deste século, das quase 7000 línguas que existem actualmente por todo o Mundo só resistirão menos de metade...

E a língua portuguesa? Não há razões para temer: o português não corre este risco, uma vez que seria extremamente improvável que a quinta língua mais falada do planeta desaparecesse assim, sem mais nem menos!...

Para leres mais sobre as línguas em extinção (em inglês), basta acederes ao endereço:

http://news.nationalgeographic.com/news/2007/09/070918-languages-extinct.html





Ângela Silva

domingo, 13 de abril de 2008

O herói...


Mitologicamente, um herói era alguém com grande força, coragem e hombridade, relembrado pelos seus feitos magníficos. Geralmente era filho de um Deus, e protegido por este. Sacrificou ou arriscou a sua vida em prol de uma boa causa, e assim se estende a definição para fora do campo mitológico. Por outro lado, no âmbito da literatura, um herói é a personagem principal de uma novela ou qualquer narrativa em geral... Excepcionalmente, vamos abordar o conceito com uma intenção mais formativa que instrutiva.

Então, o que faz de alguém um herói? O caração nobre? A ousadia? A inteligência superior? Um herói tem, de facto, todas estas qualidades. Porém, o que faz dele um modelo é muito, muito mais que isso. O herói compromete a sua sorte e o seu destino por outras pessoas, a quem a sorte e o destino não sorriram tão gentilmente. Tem reverência pela vida dos outros, porque acredita que todos merecem ter oportunidade de ser felizes...
É a finalidade dos seus actos que faz dele especial, valoroso. O herói faz o que tem que ser feito, mas não almeja por gratidão ou recompensas.
De acordo com esta definição, encontramos heróis à nossa volta, no quotidiano. Mesmo que a sua vida não seja totalmente recta, ou as suas boas acções passem despercebidas, e mesmo que os seus intentos não passem de tentativas. O verdadeiro heroísmo é, na realidade, o altruísmo, e todos podemos ser heróis...

Ângela Silva

Terceiro Período

Este período é o último, o derradeiro, o decisivo, o... bom, nervosos já estamos nós todos, não é preciso dramatizarmos tanto a coisa, não é? Então vamos lá ver: sobre que vamos falar este período?
Depois de estudarmos intensamente o artista multifacetado Fernando Pessoa, incluindo a sua obra mestra, Mensagem, vamos agora abordar Os Lusíadas, do grande Luís de Camões, e o texto dramático revolucionário, de Luís de Sttau Monteiro, Felizmente há Luar!. O ribatejano José Saramago também marca o seu lugar, apesar de já o conhecermos de um livro lido no segundo período...
Assim sendo, neste clima mais ou menos bélico em que a literatura nos inseriu, resta-nos renovar os nossos votos de luta neste período, e lembrar aos nossos companheiros de batalha que não desistam, porque a nossa Ilha dos Amores já se avista (faltam, neste momento, menos de dois meses para acabarmos as aulas)!
Por agora, sugerimos que vejam este vídeo sobre Os Lusíadas, que estudaremos proximamente. E desejos de bom trabalho!

sábado, 8 de março de 2008

Síntese da Mensagem

Presisas de uma síntese da Mensagem, de Fernando Pessoa? Propomos-te uma muito boa que podes descarregar clicando no link...

8 de Março: o “Dia Triunfal” de Fernando Pessoa

Fazem precisamente hoje 94 anos desde que, de acordo com Pessoa numa carta a Casais Monteiro, se deu a génese dos heterónimos. Na realidade, nem todos os estudiosos acreditam na existência real desse momento fértil; há, pelo contrário, tendência para atribuir a criação dessa data prodigiosa a (mais) um fingimento do poeta…
Seria aceitável assumir que Pessoa criou os heterónimos ao longo de vários dias, quem sabe, semanas ou meses. Por outro lado, não seria de descartar a possibilidade de o Dia Triunfal ter sido inventado para quase mitificar a figura pessoana para a posteridade… Há mesmo dados baseados na astrologia (que tanto fascinava o poeta) que podem ser um indício de 8 de Março ter sido uma data encenada determinada pelo escritor. De acordo com o astrólogo Nuno Michaels, 8 de Março correspondeu a uma conjugação invulgar e rara dos astros, que não se observou nos dias anterior ou posterior, a qual previa um renascimento, um novo rumo da vida, enfim, uma qualquer mudança fundamental. Se o meu caro leitor não acredita em astrologia, é de menos importância para a questão. Importa que Pessoa confiava nela piamente ao ponto de a deixar decidir sobre a sua vida em várias situações. Certa vez, afirmou:


"A astrologia é verificável se alguém se der ao trabalho de a verificar. A razão por que os astros nos *influenciam* é uma questão a que é difícil dar resposta, mas não é uma questão científica. A questão científica é: influenciam ou não influenciam? A "razão por que" é metafísica e não tem que perturbar o facto, a partir do momento em que descobrimos que é um facto".



Apesar de tudo, pode ser injusto duvidar de uma carta que foi escrita por Pessoa para um amigo próximo…
Tendo ou não sido uma data simbólica, tendo ou não sido um dia com 24 horas, o relevante é que houve uma criação e houve uma mudança incontornável a nível da vida de Fernando Pessoa e da Literatura nacional. E esta é razão pela qual prestamos a nossa homenagem ao poeta neste 8 de Março…

Ângela Silva

sexta-feira, 7 de março de 2008

Como se faz uma dissertação?

Uma dissertação de acordo com o plano dialéctico é um texto muitíssimo útil, uma vez que é útil, não só para expôr e organizar um conjunto de ideias acerca de um tema por escrito, mas também oralmente. Na realidade, consiste numa exposição minuciosa de um assunto doutrinário (entenda-se doutrinário como algo que encerra um modo de pensar).
Numa dissertação formalmente correcta devem encontrar-se os três elementos fundamentais do texto: introdução, desenvolvimento e conclusão.
A introdução é uma abordagem superficial do tema, apresentando o tema a desenvolver e, preferencialmente, a tese a defender.
Segue-se o desenvolvimento, que engloba argumentos e provas da tese, indicados, se possível, por ordem crescente de importância (estratégia para cativar o leitor). Uma boa dissertação deve defender a tese mas também contra-argumentá-la (antítese).
Finalmente, é tecida uma conclusão com base numa síntese das ideias expostas e respectivos argumentos. É sempre interessante deduzir, nesta fase, consequências
para o conteúdo da síntese.
Para melhor assimilar os conhecimentos supracitados, aconselho a leitura deste divertido (mas incisivo) exemplo, da autoria de Wladimir Oliveira (em Português em Dinâmica de Grupo).

"Meus caros companheiros,

Tomei uma decisão importante: não vou redigir nenhuma dissertação porque não tem valor algum para mim. Sei que essa atitude poderá ser mal interpretada e provocar represálias. Estou certo, porém, que vocês irão compreender-me quando analisarem as minhas razões.

Como sabem, sou péssimo aluno - candidato certo à reprovação. Não será, portanto, a falta desse exercício que irá reprovar-me. Por outro lado, tais subtilezas não se coadunam com o meu tipo de inteligência.

Não me venham dizer que o exercício será útil para a minha formação. Suponhamos que eu faço a dissertação. Que significado terá? Nenhum, pois irei fazer uma redacção que nada representará para mim.
Dirão vocês: “Se não fizer a dissertação, nós seremos prejudicados e, por isso, ajustaremos contas.” Ora, todos sabemos que cada qual deve assumir a responsabilidade dos seus actos. Com duas palavras provo isso ao professor e, portanto, o grupo não será prejudicado.

Em suma, como já estou reprovado, como não vou fazer uso desse conhecimento, como não quero perder tempo com trabalho fora do meu alcance, que, de resto , não será útil para a minha formação, como ninguém ficará prejudicado com tal atitude, não vou escrever a dissertação, que não tem valor algum para mim."


Ângela Silva

quinta-feira, 6 de março de 2008

A Mensagem de Fernando Pessoa


- Integração de Mensagem no universo poético Pessoano:


Integra-se na corrente modernista, transmitindo uma visão épico-lírica do destino português, nela se salientando o Sebastianismo, o Mito do Encoberto e o V Império.

- Estrutura formal e simbólica de Mensagem:


Mensagem é a expressão poética dos mitos – não se trata de uma narrativa sobre os grandes feitos dos portugueses no passado, como em Os Lusíadas, mas sim, de um cantar de um Império de teor espiritual, da construção de uma supra-nação, através da ligação ocidente/oriente: não são os factos históricos propriamente ditos sobre os nossos reis que mais importam; são sim as suas atitudes e o que eles representam, sendo o assunto de Mensagem a essência de Portugal e a sua missão a cumprir. Daí se interpretem as figuras dos reis nos poemas de Mensagem como heróis mas mais que isso, como símbolos, de diferentes significados.

1ª Parte – BRASÃO: o princípio da nacionalidade (em que fundadores e antepassados criaram a pátria)

- “Ulisses” – símbolo da renovação dos mitos: Ulisses de facto não existiu mas bastou a sua lenda para nos inspirar. A lenda, ao penetrar na realidade, faz o milagre de tornar a vida “cá em baixo” insignificante. É irrelevante que as figuras de quem o poeta se vai ocupar tenham tido ou não existência histórica! (“Sem existir nos bastou/Por não ter vindo foi vindo/E nos criou.”). O que importa é o que elas representam. Daí serem figuras incorpóreas, que servem para ilustrar o ideal de ser português.
- “D. Dinis” – símbolo da importância da poesia na construção do Mundo: Pessoa vê D. Dinis como o rei capaz de antever o futuro e interpreta isso através das suas acções – ele plantou o pinhal de Leiria, de onde foi retirada a madeira para as caravelas, e falou da “voz da terra ansiando pelo mar”, ou seja, do desejo de que a aventura ultrapasse a mediocridade.
- “D. Sebastião, rei de Portugal” – símbolo da loucura audaciosa e aventureira: o Homem sem a loucura não é nada; é simplesmente uma besta que nasce, procria e morre, sem viver! Ora, D. Sebastião, apesar de ter falhado o empreendimento épico, FOI em frente, e morreu por uma ideia de grandeza, e essa é a ideia que deve persistir, mesmo após sua morte (“Ficou meu ser que houve, não o que há./Minha loucura, outros que a tomem/Com o que nela ia.”)

2ª Parte – MAR PORTUGUÊS: a realização através do mar (em que heróis empossados da grande missão de descobrir foram construtores do grande destino da Nação)
- “O Infante” – símbolo do Homem universal, que realiza o sonho por vontade divina: ele reúne todas as qualidades, virtudes e valores para ser o intermediário entre os homens e Deus (“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”)
- “Mar Português” – símbolo do sofrimento por que passaram todos os portugueses: a construção de uma supra-nação, de uma Nação mítica implica o sacrifício do povo (“Ó mar salgado, quanto do teu sal/São lágrimas de Portugal!”)
- “O Mostrengo” – símbolo dos obstáculos, dos perigos e dos medos que os portugueses tiveram que enfrentar para realizar o seu sonho: revoltado por alguém usurpar os seus domínios, “O Mostrengo” é uma alegoria do medo, que tenta impedir os portugueses de completarem o seu destino (“Quem é que ousou entrar/Nas minhas cavernas que não desvendo,/Meus tectos negros do fim do mundo?”)

3ª Parte – O ENCOBERTO: a morte ou fim das energias latentes (é o novo ciclo que se anuncia que trará a regeneração e instaurará um novo tempo)
- “O Quinto Império” – símbolo da inquietação necessária ao progresso, assim como o sonho: não se pode ficar sentado à espera que as coisas aconteçam; há que ser ousado, curioso, corajoso e aventureiro; há que estar inquieto e descontente com o que se tem e o que se é! (“Triste de quem vive em casa/Contente com o seu lar/Sem um sonho, no erguer da asa.../Triste de quem é feliz!”) O Quinto Império de Pessoa é a mística certeza do vir a ser pela lição do ter sido, o Portugal-espírito, ente de cultura e esperança, tanto mais forte quanto a hora da decadência a estimula.
- “Nevoeiro” – símbolo da nossa confusão, do estado caótico em que nos encontramos, tanto como um Estado, como emocionalmente, mentalmente, etc.: algo ficou consubstanciado, pois temos o desejo de voltarmos a ser o que éramos (“(Que ânsia distante perto chora?)”), mas não temos os meios (“Nem rei nem lei, nem paz nem guerra...”)


João Fagundo

Alberto Caeiro

Para Caeiro fazer poesia é uma atitude involuntária, espontânea, pois vive no presente, não querendo saber de outros tempos, e de impressões, sobretudo visuais, e porque recusa a introspecção, a subjectividade, sendo o poeta do real objectivo.
Caeiro canta o viver sem dor, o envelhecer sem angústia, o morrer sem desespero, o fazer coincidir o ser com o estar, o combate ao vício de pensar, o ser um ser uno, e não fragmentado.

· Discurso poético de características oralizantes (de acordo com a simplicidade das ideias que apresenta): vocabulário corrente, simples, frases curtas, repetições, frases interrogativas, recurso a perguntas e respostas, reticências;

· Apologia da visão como valor essencial (ciência de ver)

· Relação de harmonia com a Natureza (poeta da natureza)

· Rejeita o pensamento, os sentimentos, e a linguagem porque desvirtuam a realidade (a nostalgia, o anseio, o receio são emoções que perturbam a nitidez da visão de que depende a clareza de espírito)

· Objectivismo
- apagamento do sujeito
- atitude antilírica
- atenção à “eterna novidade do mundo”
- integração e comunhão com a Natureza
- poeta deambulatório

· Sensacionismo
- poeta das sensações tal como elas são
- poeta do olhar
- predomínio das sensações visuais (“Vi como um danado”) e das auditivas
- o “Argonauta das sensações verdadeiras”

· Anti-metafísico (“Há bastante metafísica em não pensar em nada.”)
- recusa do pensamento (“Pensar é estar doente dos olhos”)
- recusa do mistério
- recusa do misticismo

· Panteísmo Naturalista
- tudo é Deus, as coisas são divinas (“Deus é as árvores e as flores/ E os montes e o luar e o sol...”)
- paganismo
- desvalorização do tempo enquanto categoria conceptual (“Não quero incluir o tempo no meu esquema”)
- contradição entre “teoria” e “prática”

CARACTERÍSTICAS ESTILÍSTICAS
- Verso livre
- Métrica irregular
- Despreocupação a nível fónico
- Pobreza lexical (linguagem simples, familiar)
- Adjectivação objectiva
- Pontuação lógica
- Predomínio do presente do indicativo
- Frases simples
- Predomínio da coordenação
- Comparações simples
- Raras metáforas



João Fagundo

Texto argumentativo sobre Ricardo Reis sem ultrapassar as cem palavras



Ricardo Reis, poeta clássico, tinha uma filosofia estóico-epicurista devidoà sua educação num colégio jesuíta.
Nos seus poemas está visível a sua filosofia: estóica quando aceita calmamente o seu destino, “Só esta liberdade nos concedem / Os deuses: submetermo-nos / Ao seu destino por vontade nossa”; e epicurista, vivendo intensamente a vida e saboreando todos os momentos, “ Buscando o mínimo de dor ou gozo / Bebendo a goles os instantes frescos” (…)
Em suma, Ricardo Reis preocupava-se em fazer da própria vida uma arte, aceitando serenamente as ordens do destino.





João Fagundo

Texto argumentativo não passando das cem palavras sobre Álvaro de Campos

Álvaro de Campos, nasceu em Tavira, engenheiro naval, formado na Escócia. Era um poeta do futurismo e do sensacionismo .
Para Campos, a sensação é tudo, ele deseja “sentir tudo de todas as maneiras”, onde o Eu do poeta integra e define tudo o que tem existência ou possibilidade de existir.
A obra de Álvaro de Campos passa por três fases: decadentista - exprime o cansaço, tédio e necessidade de novas sensações; Futurismo – que é caracterizada pela celebração do triunfo da máquina e da civilização moderna; Abúlica – que perante a incapacidade das realizações traz novamente o abatimento que provoca uma frustração .
Em suma, Álvaro de Campos mostra nos seu poemas pretende sentir tudo através das sensações.


João Fagundo