Para um primeiro artigo "à séria", certamente poderíamos ter encontrado um tema mais simples para discutir... mas dada a importância da coisa, preferímos começar mesmo por aqui. É que sinceramente, estes textos têm sido alvo de certa injustiça por parte da comunidade menos informada, ao serem julgados como semelhantes, ignorando-se, portanto, as particularidades de cada um deles...
Texto informativo-expositivo
Para começar, vamos abordar a definição de exposição. Este termo é associado a explanar ou explicar uma temática, de forma denotativa, procurando precisamente informar, esclarecer o alocutário acerca daquela matéria. E é, de facto, esta a essência de um texto informativo-explicativo.
Tal como os restantes textos, enquadra-se na estrutura canónica (introdução, desenvolvimento e conclusão), incluíndo, geralmente, as seguintes fases:
- introdução ao tema;
- definição do propósito da exposição;
- comentário sobre os pontos de maior relevo, que devem ser encadeados sequencialmente e corroborados por evidências;
- conclusão, onde frequentemente se recapitulam as ideias principais da exposição.
Como é bom ver, as exposições não têm necessariamente que ser escritas: há a possibilidade de serem orais, havendo maior ou menor dinamismo na apresentação. Na verdade, apesar do dinamismo ser importante no texto informativo-expositivo, de forma a tornar a informação que se pretende transmitir mais compreensível, não se revela nesta tipologia tão decisivo como na que observaremos a seguir...
O atento leitor certamente já detectou semelhanças (nomeadamente ao nível do nome) entre o texto informativo-expositivo e expositivo-argumentativo. Em comum, têm não só a origem semântica como também a maioria das características. Contudo, algo tão pequeno (ou tão grande) como o objectivo do texto, faz com que estes dois sejam substancialmente divergentes.
Desta feita, o locutor propõe-se a conquistar adeptos para um ponto de vista (ou opinião, porque não?), investindo especialmente na clareza e na retórica. Enquanto o texto argumentativo-explicativo se serve da dialéctica para fazer as suas demonstrações (a dialéctica pode ser definida como "a lógica da aparência"), o texto de opinião, menos objectivo, emprega instrumentos da retórica (tais como deduções e induções, etc., que, como se sabe, não são técnicas potencialmente exactas...), para convencer.
A agressividade do texto volta a decrescer na próxima tipologia. Reflictamos um pouco acerca do...
Dissertação
Por último, mas não menos importante (como diriam os nossos amigos ingleses), temos a dissertação: "exposição minunciosa, oral ou escrita, de um assunto doutrinário" - limitou-se a definir, vagamente, o Dicionário de Língua Portuguesa da Priberam Informática e da Porto Editora (1996). Um pouco mais dissertadores podiam ter sido eles, pois acabaram por mutilar a definição retirando-lhe detalhes importantes. Falta acrescentar-se que a dissertação visa a defesa, a contestação ou meramente a discussão de um tema.
Por razões de alongamento e clareza, convém que o tema a explorar seja delimitado e equilibrado. Desta forma, poder-se-ão reunir argumentos apropriados e eficazes, que farão parte de uma fase de desenvolvimento do texto, obviamente consecutiva à introdução e à conclusão.
Ao plano dialéctico (onde a dissertação desempenha um papel de destaque), fazem parte três momentos fulcrais: a tese, a antítese (que nega a tese) e a síntese (que supera a tese e a antítese, tomando de cada uma os pontos mais difíceis de refutar).
-- Conclusão ---
De um modo geral, pode-se então sintetizar:
- Todas as tipologias textuais referidas têm em comum: a frase declarativa, o tempo presente do indicativo, as expressões de carácter modal, os artivuladores discursivo, o discurso na terceira pessoa, a estrutura canónica...
- Para além disto, o texto expositivo é quase imparcial, ao passo que o texto expositivo-argumentativo é totalmente partidário; o texto de opinião persuade para uma crença, enquanto o texto reflexivo sugere uma ideia; e a dissertação, o texto mais extenso dos cinco, mostra um raciocínio do seu autor, na direcção de uma conclusão que é a síntese (emerge da tese e da antítese).
Ângela Silva
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